Visitantes são recebidos nas catacumbas pela frase: “Pare, este é o reino da morte”.
Conheça o mundo que existe abaixo das ruas de Paris
Como já dizia Hemingway, Paris é uma festa! Essa cidade surpreende a cada passeio, quando penso que não vou ver nada mais surpreendente, vou nas catacumbas e me deparo com algo extraordinário, é simplesmente alucinante!
Quem acreditaria que essa cidade linda e cheia de encantos tem uma vida subterrânea intensa?
Muitos acham que é lenda, que não existe nada disso, mas Paris tem um subsolo, como diz um amigo francês, alucinante!
Há outro mundo abaixo da capital francesa, são minas desativadas, catacumbas com milhões de ossos, estações de metrô abandonadas, bunkers nazistas e até uma “praia”.
Paris ainda se chamava Lutécia, como a batizaram os romanos e o subsolo da cidade já era agitado.
Seus túneis abrigaram membros da Resistência Francesa durante a 2ª Guerra e hoje são cenário de festas. É dali que sai um dos produtos mais conhecidos da França: os famosos cogumelos parisienses.
O fim do século 18 foi crucial para a história da França e também para o subsolo parisiense. Antes da Revolução Francesa (1789), vários desabamentos de prédios deram o alarme: os vazios deixados pela mineração tornavam o subsolo instável e comprometiam a segurança e o crescimento da cidade. Na antiga rue d’Enfer, a “rua do inferno”, perto do atual bulevar St. Michel, houveram dois grandes desabamentos com dezenas de vítimas, o maior deles em 17 de dezembro de 1774. O segundo foi em 4 de abril de 1777, por coincidência o mesmo dia em que se criou a Inspetoria Geral das Carrières. A IGC, dirigida por engenheiros e militares – e ativa até hoje -, surgiu para cartografar, avaliar os riscos e estabilizar as carrières para evitar novas tragédias. Hoje ela tem um importante papel no controle do uso do subsolo da cidade. As inscrições do nome das ruas nas galerias recuperadas pela IGC revelam uma geografia paralela da cidade, referências há muito desaparecidas, enterradas pelo tempo. Uma espécie de Google Earth pelo lado de dentro.
Cadáveres
Na mesma época, os cemitérios da cidade estavam muito além de sua capacidade, e o acúmulo de restos mortais gerava graves problemas de saúde pública. O Cimetière des Innocents amontoava cadáveres 2,5 m acima do nível da rua. A chuva e a neve faziam escorrer a carne apodrecida dos corpos pelas ruas e pelo solo, atingindo o lençol freático.
A solução foi transferir os esqueletos para as galerias, dando origem às célebres Catacombes, concebidas e organizadas como um monumento à morte.
Placas com versos alusivos à efemeridade da vida e evocando os antigos cemitérios permeiam os arranjos dos ossos de aproximadamente 6 milhões de mortos parisienses, rigorosamente anônimos entre trabalhadores, revolucionários, poetas, pintores…
Hoje trata-se de uma concorrida atração da cidade, visitada por turistas, que fazem fila para conhecer o “império da morte”.
Além das escadarias, são 183 degraus em uma escada em caracol, do ambiente escuro e fechado e da água que escorre diretamente do teto, nada incomoda fisicamente o visitante. A iluminação é precária, mas permite examinar milhares de crânios, fêmures e tíbias – quebrados, perfurados por tiros, vandalizados e recobertos por todo tipo de mofo, poeira e pátina de 200 e tantos anos. É proibido tocar nelas.
Andar pelos corredores é uma mistura de medo, ansiedade e excitação. São muitos ossos, muitos crânios e isso causa um impacto, um encontro com a realidade nua e crua e com certeza muitas reflexões vêm a nossa cabeça nesse momento.
No pós-guerra, as caves e criptas de St. Germain-des- Près e do Quartier Latin foram ocupadas pelos jovens estudantes e pelo jazz. Era o começo da catafilia, a atração pelas catacumbas da cidade.
As tampas de poços da IGC, os trilhos de um anel ferroviário desativado – a Petite Ceinture – e outras entradas clandestinas levam para o mundo subterrâneo, proibido para os mortais desde 1955.
O escritor norte-americano Ernest Hemingway, que viveu em Paris após a Primeira Guerra Mundial, fala até de bares que davam acesso às Catacumbas. O relato está no livro “Paris é uma Festa”.
Nos anos 1980, festas underground nas catacumbas se popularizaram. Abrigaram diversas manifestações musicais (rock, punk, reggae) e chamaram a atenção do poder público, que passou a bloquear as entradas e reprimir a frequência.
Visitas clandestinas são proibidas e punidas com multa, sem falar no risco de se perder por ali e de se tornar mais uma pilha de ossos anônima esquecida nas catacumbas.
Esse tipo de situação inspirou muitos filmes, um deles é “Assim na terra como no inferno”
Assista o trailer nesse link
Em agosto de 2004, a Polícia de Paris entrou em pânico, foi durante uma busca nas galerias que ficam debaixo da Praça do Trocadéro, aquela praça bem em frente à Torre Eiffel.
Ao entrarem nas galerias, que teoricamente são de acesso proibido ao público, os policias encontraram algo inesperado: um cinema.
Ocupando uma área de 400 metros quadrados, o cinema clandestino tinha até bar e restaurante e parecia ser usado com frequência, pelo menos é o que indicavam as garrafas de whisky, os filmes e a ligação elétrica em funcionamento.
Os oficiais saíram em busca de reforços, ao voltarem, não encontraram nada, tudo tinha sido removido, e no lugar, apenas um bilhete: “Não nos procurem”.
Diante dos fatos, os policiais ficaram completamente loucos, chamaram o esquadrão antibombas, cães farejadores, o esquadrão antiterrorismo, levaram o caso para a rede nacional de TV, mas não tinham uma pista sequer da sociedade secreta que habita os subsolos de Paris.
A Sociedade Secreta
São os membros do La Mexicaine de Perforation, uma braço de um grupo secreto muito maior e que existe há mais de 30 anos em Paris, o UX, abreviatura de Urban Experiment. Naquele ano, o La Mexicaine de Perforation organizava um festival de cinema clandestino debaixo do Trocadéro, fantástico!!!!
Na programação estavam clássicos como “Um Homem com uma Câmera”, do cineasta russo Dziga Vertov, filmes franceses das décadas de 1950 e 1960 e até obras dos anos 90, como “Clube da Luta”.
Tantas festas de vivos no Império dos Mortos acabaram incomodando o Governo, que na década de 1950 proibiu o acesso às Catacumbas.
Hoje, só pode ser visitado o trecho oficial, de dois quilômetros. Todo o resto é proibido e constantemente monitorado pelo esquadrão de polícia que existe só para isso. O que não significa que ninguém passe pela parte proibida das catacumbas, como fica claro pela descoberta do cinema clandestino, em 2004.
Segundo estimativas extra-oficiais, cerca de 300 parisienses vagam pelas catacumbas semanalmente. Quem é pego andando por essas bandas paga uma multa de 60 euros, mas logo é liberado. Há quem diga que os policias não se preocupam nem em confiscar os mapas usados pelos exploradores do submundo.
As pessoas que vagam (ilegalmente) pelas Catacumbas de Paris têm nome e até verbete na Wikipédia: são os Cataphiles. Eles entram por bueiros, estações de metrô ou até entradas criadas por outras gerações de exploradores.
Segundo o site The Independent, os Cataphiles têm três regras:
- O que vem para baixo precisa subir novamente. Ou seja, nada de descartar lixo nas Catacumbas.
- “Nunca fale sobre sua vida acima da terra”. Os cataphiles mantém muitos dos aspectos de suas vidas em segredo.
- “Nunca confie em ninguém”. Por isso, não espere ser convidado para visitar as catacumbas durante uma passagem rápida por Paris. Ao contrário do que rola na superfície, turistas são raros por ali.
Explorar um labirinto de 300 quilômetros não é tarefa para qualquer um. E sim, é perigoso. Ou você acha que a proibição de entrar lá é sem motivo?
O maior risco é se perder lá embaixo e nunca mais achar o caminho de volta.
Isso já aconteceu. A história mais famosa é de Philibert Aspairt. Em 1793, ele entrou nas catacumbas e se perdeu. Philibert só foi encontrado 11 anos mais tarde. Morto
Há quem diga que essa história é uma lenda urbana. De qualquer forma, o certificado de óbito é bem real, assim como uma tumba construída para ele lá embaixo.
A epígrafe diz o seguinte: “Em memória de Philibert Aspairt, que se perdeu nessas galerias no dia 3 de novembro de 1793. Foi encontrado onze anos depois e enterrado no mesmo lugar”.
Quer ver essa tumba com seus próprios olhos? Vá na parte oficial das Catacumbas. Basta enfrentar a fila e pagar doze euros.
A conclusão é óbvia: não entre na parte proibida das catacumbas.
A não ser que você tenha um guia experiente no assunto, alguém que tenha um mapa. Sim, existem mapas. E muitos deles estão com membros de sociedades secretas de Paris.
Após vencer concurso polêmico, brasileiro passa noite nas catacumbas de Paris
Um brasileiro foi o vencedor do controverso concurso do site de hospedagem Airbnb em 2015, que ofereceu a possibilidade de dormir uma noite nas catacumbas de Paris no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas.
De volta ao Brasil após uma semana na capital francesa, o advogado mineiro Pedro Arruda, de 27 anos, diz que a experiência foi “impressionante” e mais engraçada do que amedrontadora.
Para vencer cerca de 20 mil participantes de todo o mundo, Pedro fez piada sobre a pergunta sobre se seria “corajoso” o suficiente para ser a primeira pessoa a acordar nas catacumbas, onde estão guardados os restos mortais de 6 milhões de pessoas.
“Eu disse basicamente que fui uma criança muito corajosa: tomava suco de laranja após escovar os dentes e, quando minha mãe dizia que não queria ouvir mais uma palavra minha, eu respondia: ‘palavra’– era para ser uma resposta engraçada mesmo“, disse à BBC Brasil.
Quando o Airbnb anunciou o concurso, líderes da oposição do conselho da cidade recorreram à prefeita Anne Hidalgo pedindo que ela não esquecesse de uma lei francesa que estabelece “devido respeito ao corpo humano mesmo após a morte”.
A empresa afirmou que garantiria “a segurança e o respeito pelas catacumbas” e que, em troca de poder hospedar duas pessoas por uma noite no local, fez uma doação à prefeitura parisiense, “com intuito de ajudar no financiamento das obras de renovação das catacumbas”.
Segundo a agência de notícias AP, o valor da doação teria sido cerca de 300 mil euros . À BBC Brasil, o Airbnb confirmou a doação, mas optou por não revelar o valor.
Além da hospedagem, eles tiveram um jantar de culinária francesa no “maior túmulo do mundo” e foram entretidos no por um contador de histórias profissional, contratado para deixá-los no clima do Dia das Bruxas com histórias assustadoras.
Loja de Souvenir
Não existe uma loja oficial, existe uma loja de um empresário independente e essa loja, infelizmente, está com os dias contados, isso porque a prefeitura está fazendo uma nova saída para as catacumbas em outra rua e inviabilizará a manutenção dessa loja.
Eu estive na loja e fiquei encantada, são artigos muito originais e criativos, vou postar algumas fotos para vocês verem.
Para ir as Catacumbas é muito facil:
De terça a domingo das 10 as 16 horas. 12 euros. Visitas sem reservas.
Endereço: 1 Avenue du Colonel Henri Rol-Tanguy, 75014 Paris
Site: http://www.catacombes.paris.fr/
Métro e RER B : Denfert-Rochereau
Bus : 38, 68
- A visita dura 45 minutos.
- A temperatura é de 14 graus.
- Visita desaconselhada a pessoas sofrendo de insuficiência cardíaca ou respiratória e claustrofobia.
Fonte:
- http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/catacombes-conheca-mundo-existe-abaixo-ruas-paris-706689.shtml
- http://www.360meridianos.com/2014/03/cidade-secreta-catacumbas-de-paris.html#ixzz489xeTbuj
- http://www.brain-magazine.fr/article/reportages/8567-j_irai-danser-chez-vous—dans-les-catacombes-de-paris
- http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151109_catacumbas_paris_brasileiro_cc
Espero que esse passeio tenha sido alucinante para você e esse passeio é importante para mostrar que não se leva nada dessa vida, o importante são os momentos vividos, o amor que doamos e que recebemos !
Enquanto em Paris tudo é luxo, no subsolo você vê aonde tudo termina!
Bisous e au revoir!
Vanessa
Conhecendo mais um pouco sobre Paris!
Parabéns amiga!!!!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Muito bacana e alucinante o artigo Vanessa, parabéns pelo artigo, fiquei curioso em conhecer.. quem sabe fazer uma balada nas catacumbas rs..
bjao..
CurtirCurtido por 1 pessoa
Hahahaha… Obrigada! Quando vier te levo lá! Agora ir nas festas eu tenho medo, pois são entradas alternativas e perigosas. Beijos
CurtirCurtir