Bonjour à Tous!
Hoje vou mostrar para vocês um caso bem interessante sobre a Cientista e Física Marie Curie, vencedora de dois Prêmios Nobel, vem comigo!


Ao prosseguir na pesquisa com os minérios de urânio, Marie percebeu (desta vez sem a participação de Becquerel ou de seu marido) que, segundo seus cálculos, deveria haver outro elemento ali com capacidade radioativa ainda maior. Essa foi a trilha que levou à descoberta dos elementos Polônio (batizado em homenagem à sua terra natal) e Rádio, ambos descobertos em 1898. Os dois achados seriam a razão que levou a Academia Real de Ciências da Suécia a conceder a ela um segundo Nobel, em Química, em 1911.


No calor da guerra, em 1921, Marie Curie fez uma análise e uma descrição completa da contribuição da radiologia durante o conflito em seu livro La radiologie et la guerre:
“Eu mesmo estava a cargo da direção do Serviço de Radiologia da Cruz Vermelha (UFF), e tinha, além disso, assumido junto ao Mecenato Nacional dos Feridos a tarefa de estabelecer, a expensas desta Obra, instalações radiológicas, sempre que houver uma necessidade urgente. Nesta dupla capacidade, participei no esforço dos primeiros anos e fiz inúmeras viagens para esse fim, quase sempre transportando material radiológico, quer de automóvel quer de comboio. Essas viagens geralmente incluíam a instalação temporária ou definitiva de dispositivos e o exame dos feridos na região. Mas também permitiram adquirir documentação sobre as necessidades mais urgentes da região em questão e sobre os meios que podem melhorar a situação. Era fácil ver, em particular, que quase sempre faltava pessoal competente. O equipamento teve que ser instalado por meios próprios, e quando este acabava de ser instalado era quase sempre necessário explicar o seu funcionamento em todos os pormenores quer ao médico quer a algum manipulador de boa vontade e inteligência apurada que, à custa de um trabalho intensivo, rapidamente assimilou esta nova técnica para ele. Durante essas viagens fiquei muito impressionado com a admiração que os médicos e cirurgiões dos hospitais freqüentemente demonstravam pela visão fluoroscópica que os aparelhos colocados à sua disposição poderiam lhes oferecer. Vários deles afirmaram que “nunca tinham visto tão bem” e que o encaixe deveria ser excepcionalmente perfeito. Ora, os aparelhos, embora realmente bons, eram de tipo normal, e a facilidade de visão dependia apenas do ajuste que poderia ser realizado por qualquer pessoa bem familiarizada com o aparelho, ao passo que, na região, não havia visto até então apenas dispositivos com funcionamento defeituoso, manuseados por pessoas insuficientemente documentadas. Por exemplo, em uma localidade importante, onde fui instalar um aparelho, o atendimento até então era feito por um carro de raios X, administrado por um médico que nunca usava válvula; a lâmpada estava, portanto, funcionando em más condições e nada podia ser visto na fluoroscopia. Aconteceu também que fui chamado com urgência em algum local isolado para remediar o mau funcionamento de um dos aparelhos radiológicos do Mecenato; às vezes era suficiente manipular o dispositivo por uma hora para restaurar a operação normal; apenas faltava o ajuste, enquanto acreditávamos que o transformador furou e a lâmpada danificou. ”
Marie Curie – Radiologia e Guerra páginas 105 e seguintes.
O manuscrito está totalmente disponível online na enciclopédia Gallica do BNF.
Uma Vida dedicada a Ciência
“Uma das nossas alegrias foi entrar em nossa sala de trabalho à noite; então percebemos por todos os lados as silhuetas luminosas das garrafas de cápsulas contendo nossos produtos”,
Escreveu a cientista vencedora do Prêmio Nobel em sua autobiografia.
“Era realmente uma visão adorável e sempre uma novidade para nós. Os tubos incandescentes pareciam tênues luzes de fadas.” Porém, os materiais nos tubos na prateleira eram muito mais do que um deleite aos olhos, eles eletrizavam o próprio ar. Pierre Curie, seu marido e parceiro de trabalho construiu uma câmara com um eletrômetro que media as correntes elétricas fracas. Quando ele levou os tubos próximos da câmara, o ar de dentro se dividiu em íons positivos e negativos, criando uma corrente elétrica fraca. O casal decidiu chamar esse acontecimento de “radioatividade”, demonstrando que o que se pensava ser a menor constituição possível da matéria, os átomos, poderiam emanar partículas ainda menores.
E por estar sempre em contato com essa energia radioativa, os Curie acabaram doando a sua vida em nome da ciência. Seus corpos, assim como os objetos pessoais, também precisaram de cuidados especiais, e foram enterrados em caixões de chumbo no Panteão de Paris, local em que estão enterrados grandes nomes da humanidade. O Jornal Americano “Christian Science Monitor” aponta, o fato de que os cadernos e demais objetos ainda são radioativos um século depois não é nada. O isótopo mais comum do rádio, o material mortal que Curie carregava nos bolsos, tem uma meia-vida de 1.601 anos, ou seja, o elemento irá se manter ativo até o ano 3.535 pelo menos.
Se você visitar a coleção de Pierre e Marie Curie na Bibliothèque Nationale, na França, muitas de suas posses pessoais – de seus móveis a seus livros de culinária – exigem roupas de proteção para serem manuseadas com segurança. Você também terá que assinar uma isenção de responsabilidade afirmando que assume os riscos de uma possível contaminação com material radioativo.
Curiosidade
Muito antes de a humanidade sonhar com a rede mundial de computadores e seus “trolls” de plantão, Marie Curie já foi vítima desse tipo de coisa. Não bastou ter sido impedida de estudar por ser mulher, ter sofrido com dificuldades financeiras, ter passado fome e ter sido rejeitada pela família de seu marido por ser pobre, a cientista ainda precisou lidar com membros da mídia francesa que tentavam difamá-la.
Em 1911, quando Curie se tornou a primeira mulher a ganhar dois Nobel em duas áreas diferentes, a imprensa francesa iniciou uma campanha difamatória ao publicar um escândalo sensacionalista revelando cartas de amor que Curie trocara com um cientista chamado Paul Langevin, que era casado, enquanto Curie já era viúva.
Na verdade, Langevin e sua esposa já viviam separados, mas no papel o casamento ainda se mantinha, e sua esposa foi quem levou as cartas à imprensa francesa na tentativa de “queimar o filme” da amante de seu ainda marido — e a mídia apoiou o escândalo, pintando Curie como uma verdadeira destruidora de lares.
Naquele mesmo ano, durante a primeira Conferência de Solvay, Curie recebeu o ombro amigo de Albert Einstein, horrorizado com o comportamento da mídia francesa e sua campanha de difamação. O cientista escreveu uma carta de apoio à colega, cuja tradução você vê logo abaixo:
“Muito estimada Sra. Curie,
Não ria de mim por lhe escrever não tendo nada sensível a dizer. Mas estou tão enraivecido pela forma com a qual o público presentemente tem ousado a se interessar por você que eu absolutamente preciso dar vazão a este sentimento. Contudo, estou convicto de que você despreza consistentemente esta ralé, quer obsequiosamente esbanje respeito por você, quer ela tente saciar seu desejo por sensacionalismo! Eu estou impelido a lhe dizer o quanto vim a admirar seu intelecto, seu ímpeto, e sua honestidade, e que eu me considero sortudo por ter lhe conhecido pessoalmente em Bruxelas. Qualquer um que não se enquadre entre estes répteis está certamente feliz, tanto agora quanto antes, que nós tenhamos entre nós figuras como você, e Langevin também, pessoas reais com quem qualquer um se sente privilegiado por manter contato. Se a ralé continuar a se ocupar com você, então simplesmente não leia esta bobagem, mas sim a deixe para o réptil pelo qual ela foi fabricada. Com os mais amigáveis cumprimentos a você, Langevin e Perrin, atenciosamente, A. Einstein”
Diferentemente do que aconteceu com muitas das célebres cientistas da nossa história, Curie obteve reconhecimento ainda em vida, mas não pense que ela enriqueceu por conta disso: a cientista não patenteou o processo de isolamento do rádio, permitindo que toda a comunidade científica investigasse as propriedades do elemento e, assim, agregando conhecimentos à sua descoberta inicial ao longo do tempo.
Marie Curie morreu em 1934 aos 66 anos de idade, vítima de leucemia — consequência da exposição intensa à radioatividade, já que, naquela época, ainda não se tinha pleno conhecimento dos perigos de tal exposição. Seu livro Radioactivité, que foi publicado após sua morte, é considerado um dos marcos dos estudos sobre a radioatividade, por sinal, e é uma obra estudada até os dias atuais.
Detalhes de uma vida
Após a morte do marido Pierre, embora esgotada física e psicologicamente, Marie continuou suas pesquisas e tornou-se a primeira mulher a dar aulas na Sorbonne, em 1908.
Raio X
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, Marie Curie percebeu que os raios-x seriam muito importantes para o tratamento de ferimentos de balas e fraturas. Para conseguir organizar um serviço de radiografia móvel, Marie visitou laboratórios parisienses e pessoas ricas para pedir apoio financeiro e equipamentos.
Ela treinou técnicos para operar as máquinas e, ao final da guerra, havia instalado duzentas estações de raio-x nas zonas de combate da região da França e Bélgica, tendo atendido a mais de um milhão de soldados, porém, Marie jamais obteve, em vida, o reconhecimento do governo francês pelo seu trabalho durante a guerra.
Além disso, Marie recolhia o gás que emanava do Rádio e o enviava a hospitais do mundo todo para ser usado no tratamento de tumores cancerígenos. Nos anos seguintes à guerra, ela se dedicou à construção de um instituto de pesquisa francês para o estudo da radioatividade. Visitou os Estados Unidos para arrecadar fundos para sua pesquisa e era assediada por muitos físicos e produtores de cosméticos, que faziam uso de material radioativo sem precauções.
Marie Curie no Brasil
Também esteve no Brasil, atraída pela fama das águas radioativas de Lindóia.
Em agosto de 1926, após longa viagem vinda de Paris, Marie desembarcou em Belo Horizonte para uma conferência na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais sobre a radioatividade e suas possíveis aplicações na medicina.
Em sua mala trazia duas agulhas de rádio usadas na irradiação de tumores. Durante a visita, a cientista aproveitou para conhecer o Instituto de Radium de Belo Horizonte, primeiro hospital especializado no uso da radioterapia contra o câncer no Brasil — e para o qual doou as agulhas.
A Morte
Como os perigos da radioatividade eram desconhecidos nesta época, Curie não tomava nenhuma precaução.
As exposições constantes à radiação a deixou com diversos problemas de saúde. Ela morreu aos 67 anos e as suspeitas da causa são leucemia ou anemia grave, além disso, ela estava quase cega de catarata.
Se hoje temos exames de Raio X e tratamentos contra o câncer, devemos a Ela e seu marido Pierre.


Frases
Filmes🎥
No próximo ano, o livro Radioactive: Marie & Pierre Curie: A tale of love and fallout, de Lauren Redniss, será adaptado ao cinema com o longa Radioactive, que será, tal qual a obra literária, uma biografia da cientista Marie Curi, a primeira mulher a ganhar dois Prêmios Nobel.
Curie será interpretada nas telonas por Rosamund Pike, enquanto Sam Riley viverá seu marido, Pierre Curie. A trama contará a história da Marie e sua luta em ser ouvida e respeitada pela comunidade científica de sua época, além de retratar seu casamento e as descobertas científicas ao lado de seu marido — em especial importantes elementos químicos que trazem à tona a radioatividade; rádio e polônio.
Porém, em 2017 já havia um outro filme sobre ela.
Museu
Próximos ao Panteão, no n° 1, rue Pierre-et-Marie-Curie, tem o Instituto do radium. O museu dispõe de inúmeros arquivos manuscritos, fotografias e vίdeos retratando o trabalho da célebre cientista, primeira diretora do loboratόrio. No museu também foram conservados o gabinete e o laboratόrio pessoal de Marie Curie, reconstituίdos como na época. Uma visita gratuita e emocionante nos passos dessa grande mulher dona de dois prêmios Nobel.
Marie Curie é um exemplo de persistência, coragem para todos nós, não é atoa que está enterrada no Panteão, a existência dela contribuiu para toda a humanidade, isso é divino!
Espero que tenham gostado!
Bisous et à bientôt 😘
Vanessa🌻
Fontes:
Grande mulher e parceiros fico orgulhoso ela ter vindo ao Brasil em minha cidade Belo Horizonte MG
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Realmente, fantástica! É um orgulho para todos e nós mineiros inclusive!
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Excelente!!
Enviado do meu iPhone
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Obrigada Vanessa, ótimas informações!!!
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Visitei e conhecia boa parte da história. Ótimas informações, mas gosto de suas palavras e impressões, aqui foi um verbete de enciclopédia.
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Que legal, Daniel! Ela foi uma grande mulher, é realmente digna do Panteão!
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